quinta-feira, 13 de outubro de 2011

inverso.

ó vida ? porquê viraste as costas e fizeste de mim o inverso de ti ?
Se tu és a agua eu sou , obrigatoriamente, o fogo. Se tu és a lua eu sou, automaticamente, o sol. Se tu és a vida, eu sou automaticamente o quê ?
Eu não sou a morte, nunca tirei a vida a ninguém e desejo solenemente dar vida a toda a gente, no entanto, há momentos que tudo em mim se inverte. A felicidade é passageira, o sorriso tantas vezes se apaga, a vontade de estar aqui é repentina e o desejo de me deslocar para além é intenso. A maneira de olhar o céu é diferente, e a forma de acreditar em ti, vida, muda completamente.
Há dias em que tu me viras as costas, eu tenho a certeza. Há dias em que penso que não pode acontecer mais nada de mal e no entanto lá estás tu a pregar-me mais uma partida das tuas, que para mim já não tem piada nenhuma.
Eu sei vida, eu sei que tu só tens valor se realmente mostrares para nós , que para viver-te é preciso lutar, sofrer, chorar, sorrir, amar, perder, vencer, mas sabes vida, ás vezes a vida não é tão fácil quanto eu esperava.
Quantas vezes já me viraste as costas ? Quantas vezes já pedi que me iluminasses as noites escuras, porque tinha medo, e tu nem resposta me deste ? Quantas vezes, entre lágrimas, mostrei para ti, que ja sei o que é viver ? Ainda assim, tu continuas, dia após dia a pregar-me das tuas partidas, para eu crescer mais e para ter acima de qualquer coisa, maturidade e responsabilidade.
Mas eu hoje precisava de ti. Eu hoje precisava que visses como tu, vida, como tu me puseste o coração e como inverteste tão rigidamente a minha vida. Foste de tal maneira incapaz de me fazer bem, que destruiste por completo o sorriso que vinha de dentro de mim, e o que vês hoje, quando passo, é alguém que por fora se mantem em pé, que por fora sobrevive.
Então e tu ? Tu que és o bem mais precioso que eu tenho, a vida, tu que me mantens cá presente de corpo e alma, não sentes também quando estás a ultrapassar limites ? Não sentes também quando estás a magoar demais ?
Sim, vida, eu já aprendi a manter os pés no chão, e agora podes parar?
Eu só quero que tu pares , de atormentar a minha vida, de atormentar a vida de quem me quer bem, de atormentar até a vida de todos que me atormentaram a minha. Eu só peço que nos dês o teu inverso, a tua outra metade. Aquela que nos diz que vale a pena viver e que ser feliz não é passageiro, é contínuo.
É que tu até podes não saber, mas dói andar aqui apenas para sobreviver !

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