quarta-feira, 31 de agosto de 2011

pegadas na areia.

Hoje estive na praia. Estive horas sozinha a olhar o mar e a ver qual o melhor horizonte. De todas as direcções que olhava, nenhuma era a que eu queria seguir, a que me fazia feliz.
O vento suprava de uma forma forte e o meu cabelo esvoaçava com ele. A força do vento era superior á força do meu corpo, que hoje se encontrava vazio, sem alma e sem coração.
Vezes sem conta dei comigo a olhar para mim mesma. O meu corpo estava frio, a minha pelugem estava levantada. Contudo, eu não era capaz de sentir esse frio que tanto se infiltrava em mim. As ondas do mar estavam sossegadas, ao bater na areia não faziam o som que sempre fizeram, e estavam alteradas pela presença de pedras na costa.
Também o mar e a sua apaixonada areia teriam discutido, teriam mergulhado na realidade das suas ondas e visto que ambos puxavam em sentidos opostos.
O mesmo acontece comigo. Puxo vezes sem conta em sentidos opostos a mim mesma. Mergulho vezes sem conta na realidade dos sonhos que, muitas vezes inundada nas almofadas presencio, e espero ansiosamente que eles se realizem esquecendo-me que são meras fantasias. Erro inumeras vezes comigo mesma, tentando sossegar os meus sentimentos e calar o meu coração.
Quando ele chora, eu limpo-lhe apressadamente as lágrimas que tanto corroem a minha alma e o partem em bocadinhos pequenos. Quando ele grita, abafo-lhe a voz, e só eu sei o que ele gritou, disse ou expressou.
Limitei-me a inventar que estava tudo bem, que eram só etapas e que mais cedo ou mais tarde o vento traria tudo que necessitava para ele renascer. Mas hoje não aconteceu assim. Eu pedi auxilio ao vento e ele negou-me ajuda. Como recompensa ele suprava forte, trazendo para mim todas as memórias que se instalavam fundo do meu lado sentimental. Ao aparecerem em mim, destruiram aos poucos o imenso espaço onde preservava as memórias insubstituiveis, misturando assim todas as boas e más lembranças.
Dói ver tudo que perdoei e que tão inesperadamente voltei a lembrar.
O medo voltou a aparecer, desta vez já no escuro, misturando-se dois medos irreversiveis. Se por um lado estava mal, triste e desfortalecida, por outro queria era levantar-me e fugir daquela imensa escuridão. Mas tudo me prendia ali.
Hoje tive medo de te perder, de olhar para ti um dia, já velhinho, e ver que perdi a essencia da minha felicidade, mas também tive medo de me perder. Olhar para mim e saber que tudo é uma incognita atormenta-me e tal como no mar e na areia, existem pedras pelas quais é impossivel lutar para remove-las.
O mar hoje negou-me ajuda prendendo a mim a ancora do medo e das lembranças.

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