quinta-feira, 4 de agosto de 2011

tarde demais.

E chega a um ponto, que mesmo quando queres acreditar, tu não consegues. Mesmo quando queres banalizar os acontecimentos, tu não sabes. Mesmo quando queres ignorar as dúvidas, tu não suportas. Chega a um ponto, que tudo te parece igual. Que os dias brilham com a mesma intensidade e que o vento da noite, bate nas porta da mesma maneira de á uns tempos atrás.
Então sais. Tu sais, vais para a rua como se o tempo fosse teu. Como se o mundo te pertencesse e como se nada nem ninguém te conseguisse destruir, te conseguisse abalar.
Quando tornas ao ponto de partida, vês que nada mudou. Que os pequenos pedacinhos do muro, que te partiram, continuam ali, no chão, partidos. Ninguém pegava neles. Todos passavam e ficavam imunes ao que viam. Para eles, que não estavam dentro do assunto, eram simples pedras de um muro velho. Para ti, que eras o muro, eram os pilares que te seguravam.
Foi nesse dia, nessa noite fria e por baixo de chuva que tu te meteste á estrada. Não fugias de nada, mas no entanto procuravas ajuda.
Quem te via, dizia que eras mais um mendigo. Dizia que tinhas fome, que tinhas cede e que querias dinheiro.
Na tua cara só se via tristeza. E no teu corpo a marca de um jogo sujo.
Realmente, em todos os casos, tu tinhas fome, tinhas cede. Estavas triste e estavas marcado.
Sentias-te culpado, por tudo. Sentias que podias ter sido diferente. Que podias ter dado menos amor. Que podias ter sido mais frio. Que podias ter entregue só metade do teu coração.
Mas não te arrependias. Não te arrependias porque sabias que o teu lugar era ali. Sabias que por um tempo indeterminado, aquele foi o teu refúgio. Aquela foi a tua casa.
No dia em que tiveste que fazer as malas, o teu muro começou a destruir-se. Ter-te-iam desfeito todos os sonhos que falavas durante uma vida. Ter-te-iam sofucado ao ponto de desistires.
Mas tinhas que ser forte. Tinhas que sair de cabeça erguida. Tinhas que mostrar ao mundo que voltarias a ser o muro que muitos julgaram, que muitos banalizaram, que muitos ignoraram.
Tinhas que mostrar que sabias ocupar o lugar a que pertencias. Que sabias dar conta do teu recado. Que sabias tomar conta de ti
Acabaste por não conseguir!
A fome e a cede que tu tinhas, eram enviadas pelo teu coração que estava lavado em lágrimas sem que por fora o mostrasses. Estavas fraco. Estavas outro. Já não eras o mesmo muro, com a mesma força, com o mesmo poder. Ao ir-te embora, levavas a cabeça baixa, e as lágrimas teimavam em cair, desfanzendo assim mais um bocado de ti, do teu coração.
Mas lembra-te, só te destruiram porque não souberam amar-te da mesma forma que tu. E sublinho, da mesma forma que Tu!
Enquanto partias, com as tuas malas feitas, ouvias uma voz que chamava por ti. Dizia-te que afinal foi engano, que afinal não podia perder-te. Aí, já tu te tinhas feito á vida. Já tu te tinhas mentalizado que aquilo não era viver um amor verdadeiro. Que aquilo era só um misto de prazer e de vaidade.
Foi nesse dia, e só nesse dia, que tu conseguiste dizer-lhe "Tarde Demais".

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